A importância do retorno aos candidatos não selecionados.


Por: Roberson Vieira Machado

Publicado em: 30/06/2023

Você já passou por algum processo seletivo, caro(a) leitor(a), com a finalidade de concorrer a uma vaga de emprego? Caso não tenha tido essa experiência ao longo da vida, eu te convido a imaginar-se no contexto das narrativas a seguir, em que discutiremos sobre a importância de se dar um retorno aos candidatos que não foram escolhidos no processo de seleção, ainda que esse retorno seja negativo ou não seja para dar aquela notícia tão esperada pelos candidatos, que ecoa em seus pensamentos e representa seu maior desejo: você está contratado(a)!


Neste sentido, podemos inferir que, ao participar de um processo de seleção, o que mais queremos é ser o escolhido, ou a escolhida, dentre os demais participantes, certo? Porém, caso não recebamos essa boa e tão esperada notícia, não sei você, mas, eu estou no time de quem espera, no mínimo, um comunicado informando que não passei para a próxima fase do processo de seleção e, quem sabe até, um agradecimento pelo meu interesse na vaga, pelo meu interesse na empresa e, por ter me deslocado até o local da entrevista, se for este o caso.


Seguindo essa linha de raciocínio, de acordo com uma matéria publicada pelo G1¹ sobre trabalho e carreira, um levantamento realizado em julho de 2021, conduzido pela Vagas.com, uma empresa de soluções tecnológicas para recrutamento e seleção, aponta, entre outros dados interessantes, que metade dos candidatos respondentes, se pudesse escolher um único ponto a ser melhorado nos processos seletivos, escolheria o “retorno aos candidatos e candidatas”. O estudo foi realizado com 10.172 candidatos e 166 empresas com o objetivo de entender os principais anseios e expectativas, tanto de candidatos como RHs em todo o processo seletivo.


Mas, vamos além dos 50% de candidatos insatisfeitos com a falta de retorno dos selecionadores e, consideremos possíveis impactos que isso pode causar. Pense, por exemplo, nos bons candidatos que, porventura, não tenham sido selecionados em determinado processo, mas que possuem competências e habilidades para, de repente, ocuparem outras vagas na empresa, e responda: quais são as chances desses candidatos voltarem a enviar currículos à minha organização mediante seus sentimentos de terem sido tratados com desdém ou falta de consideração?


E quais são as chances desses candidatos “venderem” uma imagem não muito agradável da empresa por conta da impressão negativa que tiveram durante o processo seletivo?


Um processo seletivo bem conduzido pode ajudar a promover uma boa imagem da organização até mesmo pelos candidatos que não foram escolhidos e, hoje em dia, o Employer Branding, ou Marca do Empregador, tem sido uma das grandes preocupações das empresas que almejam serem desejadas pelos melhores talentos do mercado. Diante disso, o efeito pode ser o inverso do que se deseja, por conta de algo relativamente simples e que poderia ser evitado durante o processo.


Num primeiro momento, parece obvio a qualquer profissional aspirante a futuro RH, dar um retorno aos participantes do processo, porém, é mais comum do que aparenta esse tipo de descuido por parte dos responsáveis pela seleção de pessoal. Basta dar uma vasculhada na internet que não será difícil encontrar candidatos frustrados reclamando publicamente de empresas sobre a falta de retorno em relação a um processo seletivo.


Frequentemente me deparo com postagens no LinkedIn, de pessoas se queixando desse tipo de atitude dos RHs de empresas para as quais enviaram seus currículos. Confesso que, ao longo de minha trajetória profissional, participei de inúmeros processos seletivos como candidato a vagas de emprego e, daria para contar nos dedos de uma mão, apenas, a quantidade de vezes que recebi retornos dos selecionadores.


Dessa forma, sabendo da importância de se adotar esse tipo de política, até como forma de demonstração de respeito aos candidatos que se dispuseram a participar dos processos seletivos, é recomendável que os RHs adiram ao compromisso de dar um retorno aos candidatos não selecionados, pois, além de outros benefícios, isso possibilita, inclusive, convidar novamente alguns desses candidatos não aprovados para novas oportunidades de trabalho, uma vez que, sendo bons, poderiam estar inseridos em um banco de talentos.


Ok, mas, o que eu posso fazer, enquanto Profissional de RH, para otimizar o processo de retorno aos candidatos não aprovados?


Uma estratégia interessante, e que pode ajudar nos processos com grande número de candidatos, é utilizar de auxílio tecnológico para informar os candidatos que não passaram para a próxima fase. Um ponto positivo, por não deixar o candidato sem informação, porém, como se trata de uma ação automatizada, perde no quesito “atendimento humanizado”. De qualquer forma, em caso de “falta de braço” suficiente para dar os devidos retornos, essa é uma boa alternativa.


Uma outra estratégia seria o selecionador passar algumas informações sobre as etapas e prazos de duração, durante o próprio processo seletivo. Isso reduziria a ansiedade dos participantes e faria com que soubessem que, uma vez decorridos os prazos informados, significaria que não passou para a próxima etapa.


Mas, o ideal é entrar em contato com o candidato através de uma ligação ou de uma mensagem pessoal via e-mail ou por algum aplicativo de mensagens utilizado pela empresa para este fim. De qualquer forma, estimado(a) leitor(a), é importante avaliar qual a melhor alternativa para a sua empresa, considerando a sua realidade.


Enfim, há muito a ser discutido sobre esta temática, sobretudo, pela existência de inúmeras variáveis que envolvem o mercado de trabalho e o mercado de talentos, pois, afinal, estamos lidando com pessoas.


Sucesso em sua jornada. Forte abraço e, a gente se vê, por aí!


Sobre o Autor: Roberson Vieira é Administrador, Especialista em Desenvolvimento Pessoal, Professor Universitário e Treinador de Pessoas, Equipes e Líderes. CRA-PR: 24.186

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1. G1, 2021 [online]. Falta de retorno em processos seletivos: metade dos candidatos a vagas gostaria de melhora. Disponível em: <https://g1.globo.com/trabalho-e-carreira/noticia/2021/10/02/falta-de-retorno-em-processos-seletivos-metade-dos-candidatos-a-vagas-gostaria-de-melhora.ghtml>. Acesso em: 06 Jun. 2023.


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